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Poesia dos velozes

Voa e me sufoca Depois fala que é amor Queima com seu desejo Me faz seu terror Tem que ser noir Talvez um pouco violento Com certeza é chique Mas por que me causa dor?

Conto - Intimidade a três

Fiquei duas semanas de luto depois de descobrir a traição do meu namorado de longa data. Era horrível, porque eu estava morando numa republica, o único espaço só meu era o quarto. Eu estava com saudade da minha cidade que deixei para cursar a UERJ. Naquele momento eu só queria era o aconchego da minha família. Depois dessas duas semanas decidi expulsar a tristeza a qualquer custo. Tinha uma boate underground em Botafogo que eu estava com saudade. Era um lugar pequeno que lembrava meus primeiros meses no Rio. Só quem estava disponível era um semi amigo. Fui na casa dele fazer a pré, porque as pessoas que moravam comigo na república odiavam ele. Fizemos uns shots, colocamos uma música, e aos poucos fomos integrando e esquecendo que estávamos nos usando em troca de companhia na noite. Do alto dos meus 1,80 metros e de um corpo atlético, a vodka que entrou na cabeça me deixou tão confiante que Narciso teria inveja. Depois de toda tristeza, eu estava disposto a experimentar a boca de cada

Você foi meu bem amado

Ele entrou na minha vida. O primeiro que entrou de verdade. Eu me abri e ele mergulhou de cabeça. Eu olhava para ele e só conseguia dizer um sorriso. Tínhamos tardes tão intermináveis, que quando a noite terminava, era um momento de luto. Lembro da barba que arranhava, do pós-modernismo característico daquele ano Lembro do amor dele e do meu amor também. Mas acabamos, o amor era grande, mas o momento, ah, o pior possível. Eu sabia disso, e hoje tenho certeza que ele também. E separamos, em duas semanas, éramos estranhos. Dois anos depois, no meio de uma conversa, eu disse-lhe que nunca havia amado ninguém. Eu posso ter sido injusto com esse homem. Mas se ele acreditou no que eu disse naquela conversa, ele provavelmente já tinha se esquecido do meu sorriso perto do seu rosto, e das minhas lágrimas no aeroporto. Te peço desculpa, te sinto falta e de tudo mais

O que sinto saudade nos cigarros

Aos treze anos segurei meu primeiro cigarro. Aos catorze comecei a tragá-los. Aos quinze, cheguei ao ápice de dois maços por semana. Eu resolvi parar quando em uma festa de rua, um conhecido me falou que aquilo não era cool, que uma hora a onda ia passar e eu ia me arrepender de ter começado.  Esse menino era mais descolado que eu, numa fase em que meu sonho era ser indie. Agradeço por ser meio idiota na época e por ainda não estar bêbado o suficiente para lembrar os detalhes da cena. No dia eu continuei fumando, por pouco não cheirei com as meninas que eu e minha amiga estávamos beijando. Mas aquilo ainda ia me matutar, e eu não demoraria a largar os cigarros. Por que comecei a fumar tanto. Quando eu estava fumando sozinho em uma praça ou na praia, era como se eu tivesse num momento apenas meu. Os cigarros foram minha rotina no ano mais pesado da minha vida. Eu chorava todas as semanas em casa; e passava quase todas as tardes sozinho em algum canto da Barra ou da Zona Sul. Nos mom

O gatilho

O beck foi o gatilho , e todo aquele lado que esqueci que existia em mim, voltou com total força. A tristeza já foi uma companheira constante, e a companhia não era de todo ruim. Um ano ao meu lado. Introspecção, calma, lentidão , até descanso. Às vezes a gente precisa, e dá pra curtir essas coisas. Essa faceta de melancolia, que veio com uns tapas de maconha de tarde, durou até o começo do dia seguinte. Quando vi a vibe indo embora, fiquei de começo frustrado. Mas percebi que algo ficou. E isso ficou me fez perceber que preciso me resgatar com mais frequência . Lidar com minhas angústias e viver mais vezes dentro de mim. Esse blog vai ser esse meu resgate. Provavelmente perdido com mais mil jovens e adolescentes confusos, escrevendo coisas que só importam para nós mesmos.